quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

"Ela Virá. A revolução conquistará a todos não somente o direito ao pão, mas a poesia."- L.Trotsky

já postei em algum outro lugar, mas não importa pq ele provavelmente não existe mais!

O GRANDE SONHO

Fevereiro de 1917. Começa a revolução mais violenta de todos os tempos. Em uma semana a sociedade se desfaz de todos os seus dirigentes: o monarca e seus homens da lei, a polícia e os sacerdotes; os proprietários e os gerentes, os oficiais e os amos. Nao há cidadão que não se sinta livre para decidir em cada momento sua conduta e seu porvir.Surge entao, das profundezas da Rússia, um imenso grito de esperança, nessa voz se mescla a voz de todos os desesperados, os humilhados e os desemparados. Em Moscou, os operários obrigam seus donos a aprender as bases do novo direito operário. Em Odessa, os estudantes ditam ao seu professor um novo programa de história das civilizações; no exército os soldados deixam de obedecer aos seus superiores. NINGUÉM JAMAIS HAVIA SONHADO COM UMA REVOLUCAO ASSIM.Agora esse sonho circula pelas veias de todas as almas desesperadas e desemparadas deste planeta. O Grande sonho.A grande debilidade de muitos revolucionários consiste em sua absoluta incapacidade de entusiasmar-se, de elevar-se sobre o nível rotineiro das trivialidades, de fazer surgir um vínculo vital entre ele e os que o rodeiam. O que não pode incendiar-se, não pode incendiar sua vida nem a dos demais. A fria malevolência não é o bastante para apoderar-se da alma das massas. Muitos revolucionários contemplaram a revolucão com um invejoso espanto. É que a vida pessoal dos revolucionários dificulta sua percepção dos grandes acontecimentos dos quais participa. Mas as tragédias das paixões individuais exclusivas é demasiado insípida para o nosso tempo. Porque vivemos em uma época de paixoes sociais. A grande tragédia de nossa época consiste no choque da personalidade individual com a comunidade. Para alcançar o nível de heroísmo e custear o terreno dos grandes sentimentos que dao vida, é necessário que a consciência se sinta ganha por grandes objetivos. Toda catástrofe individual ou coletiva é sempre uma pedra de toque, pois desnuda as verdadeiras relaçoes pessoais e sociais. Hoje em dia é necessário provar este mundo. O poeta, por exemplo, se sentiu independente do burguês e até se enfrentou com ele. Mas quando o assunto se tratou da revolução, se mostrou um parasita até a medula dos ossos. A psicologia do indivíduo assim mantido e dedicado a ser sanguessuga humano, não tem rastros de bondade de caráter, respeito ou devoção. Hoje em dia os mocinhos estudam ainda em livros as custas do sacrifício dos explorados, se exercitam em periódicos e criam novas tendências. Mas quando uma revolta se produz seriamente, em seguida, descobrem que a arte se encontra nas cabanas, nos buracos mais reconditos, onde fazem ninho os cupins. É preciso derrubar a burguesia porque é ela quem fecha o caminho a cultura. A nova arte nao só desnudará a vida, mas lhe arrancará a pele. Amar a vida com o afeto superficial do deleitante, nao é muito mérito. Amar a vida com os olhos abertos, com um sentido crítico cabal, sem adornos, tal como nos aparece, com o que oferece, essa é a proeza. A proeza também é realizar um apaixonado esforco por sacudir aqueles que estao entorpecidos pela rotina, obrigar-lhes a abrir os olhos e fazer-lhes ver o que se aproxima.

León Trotsky

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